E o meu amado o que diria

se eu partisse?

O que diria se estes versos

não ouvisse?

O que teria em suas mãos

senão um corpo dessangrado

cheio de carne, de suspiros,

de delírio apaixonado?

Faltaria, porém, o recheio das idéias,

a loucura e a razão,

que transforma um encontro sem graça

em tremenda paixão!

Mas não tema o meu querido

que esse amor desapareça,

pois ele é amado ao mesmo tempo

por um corpo e uma cabeça.

O corpo ele pode beijar, cheirar,

fazer do corpo mulher.

Mas a cabeça o possui, manipula,

e faz dele o que quer!

Haja o que houver, do meu amor

esse garoto foi o rei.

Digam a ele que com corpo e cabeça

eu sempre o amarei.

A marca desta lágrima testemunha

que eu o amei perdidamente.

Em suas mãos depositei a minha vida

e me entreguei completamente.

Assinei com minhas lágrimas

cada verso que lhe dei,

como se fossem confetes

de um carnaval que não brinquei.

Mas a cabeça apaixonada delirou

foi farsante, vigarista, mascarada,

foi amante, entregando-lhe outra amada,

foi covarde que amando nunca amou!


A marca de uma lagrima

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